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Mostrando postagens de maio, 2018

O Nome da Rosa

Este Texto não contém Spoiler Fé, Razão, Medo e seu Labirinto comum O Nome da Rosa, obra cinematográfica produzida com base no livro homônimo de Humberto Eco, expõe um dos temas mais discutidos da humanidade, qual seja, o embate entre fé e razão. Seu roteiro nos indica a aspiração humana em ir além do que se revela na superfície dos dogmas institucionais, na sombra das narrativas oficiais e adornos de que se revestem os ritos, à medida que nos provoca ao enfrentamento do medo que nos impede de conhecer a verdade. O filme se impõe pela densidade e profundidade de conteúdo, para o qual coopera significativamente o personagem Guilherme de Baskerville, interpretado por Sean Connery, o qual se revela um arauto da razão ao estabelecer premissas com base na lógica e princípios racionais necessários à elucidação dos acontecimentos.  Os fatos misteriosos ocorrem num mosteiro beneditino dos Alpes marítimos da Itália, no séc. XIV, em 1327, o qual é apresentado como uma

Abril Despedaçado e a Auto Tutela

Abril despedaçado, com direção de Walter Salles, tem como cenário o sertão brasileiro no início do século XX, em 1910. Momento histórico peculiar ao país, a narrativa desenvolve-se a partir da rivalidade entre duas famílias, cujo relacionamento beligerante é representado simbolicamente por uma camisa manchada de sangue. Este elemento se manifesta como conteúdo marco ao exercício da vingança privada, funcionando como uma espécie de balizamento ético visto que os inimigos, hasteando em seus respectivos varais uma camisa com mancha do líquido vital, aguardam-na amarelar, pois este é o sinal de que um membro da família adversária deverá morrer como forma de reparação à morte de um de seus entes. Destaque-se que o ambiente sertanejo sempre foi marcado pela desigualdade decorrente do fosso social característico da região, expressa vigorosamente na Velha República, a qual suplantou o regime monárquico. Ressalte-se que o modelo republicano inscrito na Carta Constitucional de 1891 não

Ben-Hur: entre a tempestade e a bonança

A experiência do dilúvio nos leva a um lugar de bonança, tendo em vista tal assertiva corresponder a um princípio universal, pautado no fato de que a ordem sucederá ao caos e vice-versa. Tal fluxo assemelha-se à experiência humana do nascimento, evento marcado por uma profusão de informações caóticas que a luz inicialmente impõe à criança, sem as quais estaríamos impossibilitados ao desenvolvimento de uma articulada e eloquente motricidade que nos faz prosseguir.    Caminhar para uma direção que guarde significado traduz a analogia acima esboçada, exercício para o qual haveremos de nos valer de tantos outros arranjos ao enfrentamento do caos que por vezes visita nossa vida e, com vistas a ilustrar o tema em comento, uma das produções cinematográficas que exemplificam “tempestade” e “bonança” existenciais com poesia e ao mesmo tempo objetividade é o conto BEN-HUR. Roteiro que reproduz em enorme medida a jornada do herói, conceito forjado por Joseph Campbell em seu l