A diversidade dos elementos naturais bem como da própria produção humana, costuma resultar da combinação criativa de certas propriedades, condição verificada, por exemplo, no fato de que uma melodia decorre da fusão de não muitas notas de base, as quais, embora pouco expressivas numericamente, quando inteligentemente combinadas, nos oferta beleza musical, semelhantemente às cores, cujos reduzidos tons primários dão origem a muitos outros matizes. Tal compreensão nos provoca a refletir acerca do quão esta condição, manifesta na natureza e modos de criação dos indivíduos, nos ensina que a superação da intolerância, ódio e aprofundamento de incontáveis mazelas sociais, reside na eleição da diversidade como meio condutor ao alcance da harmonia, singularidade e beleza.
Os domínios de saber, notadamente a arte, constitui universo revelador da inventividade humana, sob a qual, descortina-se a ideia de que todo ato criativo está fundado na capacidade do ser artístico mediar o encontro das coisas diferentes, as quais, no bojo de suas dessemelhanças, encontram-se para conceber algo singularmente belo, rico e edificante. Depreende-se, desta concepção, que a diversidade do meio ambiente perfaz a moldura por meio da qual se extrai a melhor referência à apreensão do caráter e relação harmônica que os elementos estabelecem para a coexistência, haja vista o aparente caos, presente na configuração de biomas, basear-se na interconexão de seus elementos, cuja complexidade resulta em padrões únicos de configuração natural.
Impende ressaltar a irrefutável ideia, extraída do ambiente natural, na qual às diferenças impõe-se o convívio, a interlocução, pois, tal processo simbiótico perfaz o componente que lhes confere sobrevivência, uma vez que, fauna, flora e mesmo os conteúdos inanimados que encontram-se incorporados ao universo de entes vitais, estruturam-se sob o método da irrenunciável interação, provando que o projeto da vida precisa das condições e peculiaridades que lhes define orgânica e singularmente.
Se a arte, em suas mais diversas manifestações, propõe, por meio da libertadora ressignificação da natureza e expansão da consciência humana, a (re) interpretação dos elementos e fenômenos que nos cercam sob os critérios da excelência técnica e sensibilidade profunda, mostra-se igualmente viável a superação dos entraves que interferem a que nos enxerguemos sob as luzes do respeito e compreensão, condições sob as quais fundam-se a construção de roteiros relacionais capazes de definir-se a partir daqueles mesmos marcos, quais sejam, excelência e sensibilidade. Outrossim, como imaginar Leonardo Da Vinci concebendo o sorriso enigmático da Monalisa sem que em sua subjetividade habitasse uma luz que transcendesce a acuidade técnica e obstinado perfeccionismo?
Aceitar a diversidade como a ponte por meio da qual alcançamos beleza singular na existência, compreende a noção de que as diferenças não nos antagonizam necessariamente, ao contrário, possui o condão de pacificar nossas relações, à medida que reconhecermos que, no bojo das dessemelhanças impõe-se a necessidade do diálogo, o qual constitui-se vereda em que a intolerância e o ódio poderão sucumbir ante às razões nascidas do iluminado convite ao entendimento.
Reflitamos!
Reflitamos!
Maurício Alves.
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