Os limites impostos pela existência ao ser humano sempre o despertaram para a necessidade de expansão do conhecimento, impulsionando-o ao contato com conteúdos distantes o suficiente a ponto de serem considerados inalcançáveis, sobre os quais a pulsão pela descoberta o encaminhou ao enfrentamento da intransponibilidade de muitos mistérios.
Desconhecer é nossa condição fundamental, razão por que, à semelhança da força gravitacional que atrai os corpos ao centro da terra, somos incansáveis na elaboração de meios pelos quais a interpretação do desconhecido perfaz um permanente exercício para superação das limitações que ocultam o real.
A ignorância parece ser a medida do limite que interfere a que conheçamos a realidade, e esta, à luz da completude e perfeição manifesta nos padrões dos elementos da natureza, bem como na complexidade da alma, nos convida a sondar o que se oculta aos olhos imediatamente, e a cada tentativa de desvendar a existência, o gênio humano parece adicionar um tijolo ao edifício do saber.
Em consonância com tais considerações, resta inegável nossa devoção ao conhecimento, condição expressa na insatisfação de respostas reducionistas às questões da vida que orienta o escrutínio de cientistas, filósofos, poetas e demais artífices da produção humana, os quais, desafiando limites impostos pela ordem vigente e escassez de recursos, relativizam verdades incontestes, forjando, em contraposição ao sistema de crenças de suas respectivas épocas, novos horizontes que expandem a consciência dos indivíduos, permitindo o cintilar de novas auroras à humanidade.
Em que pese o antagonismo daqueles que, por dogmatismo e obstinação cega rejeitam o enfrentamento, pela reflexão, de temas que fragilizem ou desconstruam verdades que lhes servem de fundamento existencial, seja por meio da objetividade e rigor científico ou através do exercício especulativo, o fato é que alcançamos o século XXI marcados pela disposição de acrescentar mais tijolos à edificação a que denominamos produção humana, em cujo cerne reside a noção de que o desconhecido não pode ser reduzido à categoria de inexistente em razão de nossa ignorância, tampouco a busca pelo conhecimento fundar-se na eleição de categorias mentais que apenas confirmem nossas íntimas convicções.
Em alguma lugar na Via Láctea,
Maurício Alves.
Em alguma lugar na Via Láctea,
Maurício Alves.
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